O empreendedorismo é a nova palavra de ordem. Empreender significa atitude, coragem, audácia e consequente sucesso. Empreendedores apresentam nas redes sociais histórias de vida em uma jornada heroica que inspira e motiva milhares de pessoas na busca por independência para ser o dono de seu próprio negócio.
Mas será que é tão simples e fácil assim ser empreendedor/empresário? Não são palavras sinônimas, pois para ser empresário é necessário a profissionalização e emprego de procedimentos empresariais, falta esta que leva muitos empresários a dificuldades instransponíveis em seu negócio.
O Brasil é uma país de dimensões continentais e ainda escasso no sistema fabril, tecnologia e produção. No ranking de Produção Global, o país está no 15º lugar e acabou de ser ultrapassado pela Turquia, o que demonstra que estamos ainda longe do ideal empreendedor.
O que as pessoas não se atentam, e que não é explicado pelos gurus do marketing digital, é que a estratégia na formação de uma empresa é essencial para seu sucesso ou fracasso, especialmente para startups.
As condições como a sociedade será constituída, quem será responsável pela administração, controle, finanças, vendas, atendimento, qual regime tributário, previdenciário e trabalhista são algumas das indagações necessárias no momento de estruturação de uma empresa que nem sempre é observado pelos fundadores.
Estas questões podem impactar significativamente no resultado do projeto empreendedor, pois nem sempre uma estrutura societária específica, por exemplo, uma Sociedade Limitada é o melhor caminho para uma empresa que pretende realizar rodadas de investimentos, sendo por vezes a Sociedade Anônima, já no seu início, a melhor opção.
Ou ainda a necessidade de parâmetros claros e certos com sócios que iniciam uma jornada juntos sem regras claras de qual será o objetivo final. Podemos ver em diversos filmes que retratam o início de grandes empresas de inovação, chamadas de unicórnios, que a falta destas regras desde o início, instauraram crises societárias que poderiam ser tranquilamente evitadas com uma estruturação e estratégias iniciais mínimas
Outro exemplo é o regime tributário. Nem sempre uma empresa com opção no Simples Nacional será a melhor estrutura para por exemplo, uma empresa que possui alto volume de insumos com pouca lucratividade.
Por outro lado, a segregação de empresas no regime tributário Simples Nacional pode ser uma alternativa inteligente de economia tributária em atividades de comercio e prestação de serviços, fazendo enorme diferença na lucratividade, o que por vezes não é observado pela falta de estudo prévio.
A grande dilema é que os empreendedores possuem uma crença limitante que somente grandes corporações devem traçar estratégias, criar procedimentos e formar estruturas e acreditam que primeiro precisam ganham dinheiro, crescer para depois se estruturar, sendo verdade que sem estruturação se torna uma estátua feita com cabeça de ouro, corpo de ferro e pés de barro… a primeira enxurrada derruba!
É fundamental que busquemos esta mudança de mentalidade empreendedora, não havendo dúvida que a inovação, tecnologia e marketing são mola propulsoras do Novo Mercado, mas que estas frentes não subsistirão sem uma estratégia jurídico empresarial bem estruturada.
Por Silvia I Borba Poltronieri