Já dissemos em outra ocasião que empreender é uma aventura. Tanto que há empreendedores profissionais, viciados em abrir novos negócios, por conta de toda a adrenalina e esta sensação de desafio que cada empreitada proporciona.
Na verdade, viver é um risco que a cada dia enfrentamos, não é diferente em uma estrutura empresarial, que pode ser comparada com um corpo, onde cada setor é um órgão que possui uma dinâmica própria e produz determinado resultado. E como um corpo, quando algum órgão falha, outros órgãos ressentem em sintomas. Também assim funciona na empresa. Quando um setor apresenta falhas e erros, outros setores acabam por sofrer consequências que impactam diretamente no resultado.
Mas uma empresa, formada da energia de pessoas, não consegue ser perfeita a todo momento, pois as pessoas são imperfeitas e por mais que processos sejam implantados, dependem da execução de pessoas, que cada dia se apresentam com um tipo de humor, de atenção, de emoção.
Assim, é importante para o empresário entender seus processos, procedimentar tarefas e assim gerir os riscos de seu negócio.
A gestão de riscos talvez seja uma das competências estratégicas mais importantes e difíceis para o administrador empresário, uma vez que há necessidade de ponderar e sopesar as condições, prós e contras de uma tomada de decisão que poderá repercutir em sucesso ou em uma grande dor de cabeça, pois os resultados podem envolver toda a estrutura e ainda questões pessoais e particulares.
Por isso a importância de manter clara a estratégia, os objetivos e os desafios que poderão se apresentar durante a trajetória de crescimento da empresa, sendo certo que com o foco definido e as informações corretas, o gestor terá toda condição e tranquilidade de entender quais riscos poderá correr sem colocar tudo que construiu a perder.
Esta questão passa especialmente pelas informações que terá em mãos na tomada de decisão, sendo claro que a consultoria e assessoria especializada fundamentais para os acertos prováveis.
Empresários pela correria do dia acabam sendo sugados por rotinas operacionais e não conseguem crescer, ou pior, acabam desestruturando suas empresas por não conseguirem desenvolver uma visão 360º, focando sempre nos mesmos problemas e nas mesmas crises não conseguindo sair de um círculo vicioso até desistir de lutar.
Há um conto sobre a Primeira Guerra Mundial que traduz bem este cenário. Nos confrontos aéreos os aviões que voltaram eram estudados pelos engenheiros que reestruturavam as partes mais atingidas do avião para deixá-las mais robustas.
Foi então que alguém observando aquele processo indagou: Por que estão reforçando as partes mais atingidas? Se os aviões retornaram é porque tais partes estão preparadas para o confronto. O que precisa ser revisto são as partes não atingidas, porque provavelmente estas derrubaram os aviões que não retornaram…
Assim acontece nas empresas, o foco sempre é nos setores com maior reclamação ou gargalo, mas nem sempre são estes onde o real problema está. Na verdade, é neles que reflete a consequência. As pessoas acabam reforçando teses sobre porque o avião voltou quando deveriam se preocupar com os aviões que caíram.
Reflita sobre seus aviões que não estão retornando do confronto…. isto é gestão de risco.
Por Silvia I Borba Poltronieri